terça-feira, 6 de setembro de 2011

"Pulsos" "Mini-Conto" "Ficção"

         Escuto a minha barriga gemer de fome, com seus estranhos barulhos que me faz tontear de fome. Isolado no canto do meu quarto escrevo esse meu desabafo, um relato de dor e de desespero, ato de loucura e medo, aflição e pavor.

         A duas semanas atrás eu me encontrava nesse mesmo canto chorando desesperado, sem vontade de nada, de simplesmente ficar ali e chorar. Eu não aguentava mais os sons torturante da cidade que me sufocavam, odiava sair de casa e ver como o povo era falso e ignorante, crendo que era o dono do mundo. 

Nos ônibus pegajosos que me enojava ao entrar neles, umas pessoas comendo, outras fofocando da vida alheia, eram pessoas de vários tipos, irreconhecíveis na multidão. Muitos olhares me fitavam, com curiosidade, querendo ler os meus olhos, nesses momentos sentia vontade de sair correndo, mais para onde correria? Uma pessoa que se encontrava no fundo do ônibus me chamaste a atenção, desviei varias vezes os meus olhares para ela não perceber e eu passar despercebido na multidão. Via seus olhos vermelhos e profundo, parecendo me a chorar mais aos pouco para não mostrar que estava chorando e assim não chamar atenção, seu pescoço estava vermelho e arranhado, fiquei a imaginar o que aconteceu com ela. Dentro de mim eu me sentia sufocado, me sentia preso, amarrado, num labirinto sem saída e minhas pernas travadas sem movimentos. Começarão a vir pensamentos, sensações jamais sentida antes, uma revolta dentro de mim surgiu e sentia o meu coração a disparar, senti vontade de gritar e gritar bem alto, mas não conseguia. desci do ônibus perto de casa, cheguei em casa, estava minha tia com o meu tio na sala assistindo jogo, os meus olhos estavam em lagrimas, vermelhos e inchado e sentia um grande nó na minha garganta, fui para o banheiro, e ali foi terrível ao me deparar com o espelho, eu não conseguia me ver nele, me sentia um monstro, um demônio, um ser inexistente, desesperado e com raiva de tudo, em uma mistura de raiva, ódio, e chorando, abri a gaveta peguei uma gilete do barbeado e vi ali o meu fim. Abri um terrível corte nos meus pulsos e ao ver o meu sangue desmaiei.
         Corre, corre, rápido, está sem pulsação, emergência, foram as poucas palavras que escutei, bem no fundo as ouvia, mais eu não sentia nada e a minha visão estava ofuscada e via as lâmpadas passarem rápidas sobre os meus olhos quase cegos, e bem no fundo escutava umas vozes, mais não sabia decifra-las, e ali fechei os meus olhos.
         Acordei num leito de hospital numa noite fria e gelada, e o quarto estava vazio, me levantei com um pouco de dificuldade, na escuridão que assolava o quarto e fui até a janela onde estava um pouco claro e olhei para a cidade, vi ela em movimento, os carros e suas luzes, ônibus, motos, pessoas com suas vidas monótonas  Olhei para cima e contemplei o céu estrelado e uma estrela me chamou a atenção, a estrela mais brilhante do céu.
Jean Wendrell
05/09/2011

Um comentário:

  1. Ual... vc me deixa sempre com novos pensamentos, me faz enxergar coisas além e a sentir coisas... Fico a perguntar me como e de onde tanta inspiração??? ... Tens um talento nato e belíssimo... Parabéns por tudo... ah adoro vc! xD

    Jéssica (LC)

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