segunda-feira, 1 de junho de 2015

Capítulo 1 - Um caso EXTRA

         
          Em uma noite gélida de maio, murmúrios ocorreram no pequeno bairro da capital de Mato Grosso do Sul. Como de costume, as mulheres com os filhos pequenos saíram às seis da tarde para ir nas igrejas da redondeza, rapazes e moças seguiam com os cadernos nas mão, uns com mochilas e pastas, seguiam em direção do pequeno terminal de ônibus que levava consigo o nome do bairro.
         O tempo não era de costume, como sempre faz calor, uma pequena queda de uns graus na temperatura faziam-se que as pessoas se acolhessem cedo para se refugiar do frio, já os visitantes desta cidade saíam para os quintais tomarem uma cerveja, melhor dizer, mais que uma, pois como o calor é muito, nada melhor para se refrescar na brisa de ar quente uma gelada, não importa a marca, sendo cerveja já saciava as gargantas quentes de um dia de sol.
            O ambiente não é considerado hostil, nem frenético, pois este bairro é o mais tranquilo que se tem em uma cidade tão grande, pode-se perder só de imaginar ainda mais para aqueles que são visitantes e que se hospedam perto do terminal de ônibus. Algumas pessoas tinham como apelidos de secos, chatos ou vizinhos que nem olham para o lado, salvo para atravessar a rua, mas se tiver alguém do lado, esqueça, pois é mais fácil serem guiados pela sobra de quem está perto do que olharem para os lados, entretanto de noite as coisas são diferentes, aguçam-se os ouvidos e as percepções de movimentos para se locomoverem. Creio eu que estou em Curitiba!
         Mesmo em um bairro tão calmo e sereno, ecoava pelos ventos calmos que cobriam o bairro, gritos não sincronizados, pedidos de socorro. Uma pequena multidão se formava próximo ao terminal de ônibus, chamado de Moreninha. A multidão descontrolada buscava auxilio nas casas vizinhas, olhares curiosos atrapalhavam os movimentos de quem corria atrás de ajuda. Como as mulheres que tinha suas crianças pequenas estavam nas igrejas, não apareceu crianças na rua neste momento que se pode de chamar de pânico. Algumas senhoras de coquinhos brancos que saíram de suas casas para saber o porquê de tantos gritos, chegaram a passar mal em plena luz da lua sobre as pequenas pedras que mostrava que a rua estava gasta. Além do pânico geral que tomou conta, os desmaios das senhoras apavorou ainda mais, principalmente aqueles curiosos de plantão.
         Em meio aos gritos, vozes clamavam por deus, ajuda dos céus, era uma cena horrível, ainda mais assustadora para os jovens que não sabiam o que fazer. Mas o que fazer? Os celulares com os flash iluminavam o ambiente a cada foto tirada, parecia cena de filmes de investigação policial americana, que acontece sempre de noite para dar mais suspense ao episódio e que acaba quando a polícia chega. Entretanto nenhuma viatura apareceu no local, mesmo com inúmeras chamadas de celulares, o pedido de socorro e ajuda de quem ligava demorou a serem atendidas. Mas o que fazer em uma situação dessas?
           Em meio a multidão uma pessoa saiu correndo desesperada com um pano branco nas mãos, era uma mulher de estatura mediana, parecia com a luz da lua que tinha uns trinta anos, óculos de pouco grau e cabelos escuros soltos ao vento, tina por vestimenta uma camisa regata e short jeans, sem calçado. Mas que de presa cobriu o fato que causara tanto pânico com o pano branco e levantou as mãos para cima e gritou em bom alto tom, — Calem-se, acalmem, já passou, nada de pânico, vamos manter a ordem e a paz por favor! Vamos aguardar a polícia, levem as senhoras para suas casas, logo vamos resolver tudo isso, mas calmem-se! — bradou-a, transparecia estar bem calma ao se comparar com as pessoas. Com os olhos arregalados, intimidou os curiosos aguardadem os celulares nos bolsos como se nada tivesse acontecido, e, ao passo de uns dez minutos duas viaturas policiais e duas ambulâncias chegaram no local, os responsáveis que receberam as chamas separou algumas pessoas mais próximas e isolaram o local.
          A cena que causaram pânico geral, nada mais era do que um homicídio de tal forma qualificado, sem procedência dos assassinos. A vítima era uma jovem mulher de cabelos curtos e negros, pele branca, olhos castanhos, usava roupas de frio, calça jeans, tênis de marca desconhecida, sem nenhuma logo, mas de cor preta, meias cinzas, blusa marrom. Mas quando a multidão chegou, os olhos se depararam com a blusa aberta, peito ensaguentado, mãos amarradas e as pernas entre abertas. Uma grande poça de sangue escorria lentamente pois com a temperatura considerada um pouco fria, fazia com que o sangue não percorresse tão longe do corpo. A vítima estava com os peitos cortados e colocado ao lado da cabeça e em sua testa um sinal de cruz.
         A polícia demorou para examinar o local, até que a viatura que levam os corpos, o IML chegasse no local, nada foi mexido, apenas quando tudo estava pronto para ser averiguado e transladado o corpo, os policiais e a perícia da capital tomaram por parte a busca por algum documento para que fosse identificado o corpo. As senhoras que haviam passado mal já estavam medicadas e em suas casas, e notava-se que as mesmas senhoras estavam com os olhos vidrados na janela e salvo algumas que mesmo não resistiam a curiosidade estava nos portões com as colegas e compadres.
          Até a saída das viaturas algumas pessoas que residiam na rua próximo onde o incidente ocorreu, tinha por nome simples, Meriti, agora marcada por sangue e gritos. Após a saída de todos os veículos, persistiam os mais curiosos em meio a rua. A lua em si já havia desaparecido atrás das finas nuvens que cobriam o céu escuro, data-se a hora marcada pontualmente as oito da noite. A demora para tal caso a ser verificado pelos serviços da prefeitura, teve por consequência alguns jornalistas que estavam próximo ao bairro e até mesmo os que estavam de plantão, e, especialmente aqueles que com a lábia compravam os vídeos e imagens das pessoas, que ao menos nem respeitam a pobre moça e seus peitos expostos na rua. Esses sim, chamo de abutres, mal ouvem uma simples morte que já voam em cima para tentarem uma promoção como melhor jornalista da cidade, salvo os estagiários que buscam se aprimorar para serem qualificados.
         Devido a demora para tomarem ciência sobre o caso, passava-se em boca a boca e até inventavam histórias sobre o incidente que despertou a população a saírem de casa, mesmo afirmando que sentiam frio. Se o caso ocorresse de madruga ninguém ia encontrar a moça, mas ai dos que trabalham cedo, com certeza perderiam o horário para saciar a curiosidade.
         Mas após toda a confusão e a mediocridade da população, onde foi parar a moça que aquietou os gritos e o pânico? Ninguém sabia explicar de onde saíra e de onde voltara. Além do caso, a moça que tomou coragem para penetrar-se entre a multidão e agir como uma cidadã que sentiu incomodada pela cena, virou o segundo mistério desta noite de sexta-feira, inesquecível vinte e quatro de abril de 2015.


Jean Wendrell

08/05/2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário