segunda-feira, 20 de abril de 2015

SENHORA

             O tempo passa como o ponteiro do relógio. O vento apaga as memórias do tempo em cada fio, todos pensam que é experiência, mas se enganam. Ninguém conhece, ou seja, ninguém saberá, podem ouvirem, sentirem, passar e vivenciar o mais próximo, mas só os cabelos que o tempo os deixou pálidos sem vida, a conhece muito bem.
             As angústias de cada pedaço de pele que se enruga, flácidos lutam para se manterem vivos e com força, pode ninguém ver o que se passou, apenas comentam – pobre coitada – e – que dó...-
            Sinto o coração apertado, vontade de chorar. Conversar? Que fará eu sem saber por onde começar?
            Olhos nos olhos e vejo tristeza da idade que avança sem perdoar, coração cheio de cicatrizes bate sem forças, gasto com as batidas sem serem valorizadas. A vejo sentada, tímida, olhos fugitivos, ninguém do lado, simplesmente sozinha entre a multidão frenética.
           A preocupação jaz no túmulo do passado e a alegria de uma geração do próprio ventre, que a desconsidera sem fazer cerimônia.

05/08/2014

Jean Wendrell

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